Memória e história da trajetória de vida Guido Thomaz Marlière no Brasil (1808-1836): a transferência da Corte Portuguesa e a tortuosa trajetória de um revolucionário francês no Brasil

O trabalho de José Otávio que ora apresento ao leitor, traznas suas entrelinhas, gostosamente bem escritas, traços de historicidade singular mergulhando contatos e conflitos interetnicosque se deram em ambientes naturais impactados pelos projetoscoloniais que objetivavam o enriquecimento dos luso-brasileirosem detrimento dos povos originários. Ambientes também organizados em aldeamentos, quartéis e presídios enquanto espaçosde dominação colonial.Outro ponto interessante é a maneira pela qual o autor dá visibilidade e importância a outros sujeitos históricos que por vezes foram esquecidos pelos outros trabalhos que versaram sobre abiografia de Marlière. As biografias anteriores sobre o dito francêsapenas valorizavam, como lembra o autor, a “auspiciosa chegada da de um europeu que representava o devir da civilização”.Negava-se a presença e as ações sócio-culturais e econômicas desujeitos históricos como os homens e mulheres negros e negras,indígenas e despossuídos da fidalguia portuguesa.Ao contrário das biografias anteriores, José Otávio deixa oleitor compreender que o francês Marlière foi um instrumentode poder de grande valia e interesse para a expansão do ImpérioPortuguês no sertão minero. Objetivava-se abrir as fronteiras econômicas do Leste de Minas Gerais e para isto era preciso que secriassem estratégias para conter os povos indígenas, reduzi-lose utilizá-los como mão-de-obra compulsória